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COMO SE DANÇA O BAIÃO

Por Renildo Carlos

O povo nunca esquece suas origens.


“Depois de tantos anos, o baião continua sendo uma referência de uma árvore musical nascida em maio de 1946, quando o grupo vocal Quatro Ases e um Curinga lançou aquele bolachão de 78 rotações com a música “BAIÃO” (Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira). Apesar dos péssimos direcionamentos culturais de um forró modernizado pelos caça-níqueis de falsos cantores, o ritmo consegue carregar o fardo de ser uma semente plantada na base da simplicidade do interior e da genialidade de artistas que traduzem em música e poesia o chamado Nordeste brasileiro.

Em 1950, LUIZ GONZAGA gravou "A Dança da Moda" (com Zé Dantas) e "Respeita Januário" (com Humberto Teixeira), confirmando a força do novo gênero. O baião era mais uma dança a se aprender, não devendo nada ao bolero, o foxtrot ou a rumba daquela década. O ritmo estava em todas as classes e ambientes, chiques ou humildes. O sertão estava na capital. Depois, nas capitais, nomeando um rei, uma rainha, príncipes e doutores. Passou pela era do Rádio e das ditaduras, das múltiplas boates pós-Rock'n'Roll, dos movimentos tropicalistas e armoriais, chegando ao interessante renascer setentista do forró. No novo milênio, está dentro de celulares e dos computadores das novas gerações. (...)

Enquanto existir uma fogueira, um trio com um arrasta-pé levantando poeira ou algum vaqueiro tangendo seu gado, a memória viva estará. Nenhum empenho mal explicado ou doação nebulosa por patrocinadores de festas milionárias em prol de uma cultura totalmente distante de sua excelência macularão a memória do povo e o legado que nasce pelo resfolegar de qualquer sanfona. O povo nunca esquece suas origens.”

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