SOBRE OS MESTRES DE BANDA NO BRASIL
“Somos e passamos despercebidos, invisíveis, enquanto descobrimos e formamos bem mais que a metade dos músicos de sopro e percussão do Brasil.”
Depoimento do Maestro BEMBEM DANTAS da Filarmônica de CRUZETA-RN:
“Conheço inúmeros colegas nesse dilema, alguns começando, outros no auge das suas atividades, outros tentando se aposentar por idade ou invalidez, enquanto muitos já se foram, ressentidos, humilhados em detrimento do inestimável serviço prestado à cultura musical dessa nação.
Aqui e acolá alguém se lembra de homenageá-los com uma placa ou um título de cidadania. Em último caso, depois de morto, dar-se o nome de uma sala, ou de um projeto, chegando ao ápice de renomear a banda a qual dedicou a vida, com o seu nome. Isso é bonito, louvável, mas inclusive são poucos que guardam “tamanhos merecimentos”. Não deixam bens materiais, geralmente uma pensão de salário mínimo, uma casa singela. No entanto, sempre ficam como referência, um histórico de reserva moral e ética.
As Prefeituras, que empregam quase a totalidade desses profissionais, na sua grande maioria, os contratam como prestadores de serviço com salários baixíssimos. Conheço aqui no RN, algumas que deixam até mesmo de contratá-los durante os meses que não existem atividades para banda, muito embora sempre apareça um evento de última hora, do qual a banda não pode ficar ausente. (...)
Também não conheço um Mestre que pare seu trabalho em função deste descaso. (...) e mesmo assim, trabalhamos para receber um dos mais baixos salários e sem direitos trabalhistas, mesmo sendo reconhecidos pela sociedade como profissionais importantes e que a cerca de dois séculos no Brasil atuam promovendo a arte e a educação, contribuindo enormemente para afirmação de nossa identidade cultural.”
(Artigo de Agosto de 2011 - blogdototinha.blogspot.com.br)